Rindo da morte

A fortuna sorriu para mim, e ela tinha esse rosto.   Começo da tradução do artigo de Jean Elizabeth Seah https://ignitumtoday.com/...

Simbolismo em Hanako-Kun - Pt 1



 Decidi que vou passar a fazer minhas anotações aqui (rascunhos muito singelos) sobre esse mangá que eu ando lendo e gostando mucho! Não vou escrever tuuudo que eu vi, porque daria um trabalhão e eu nem sei como começar.

Falando em começar, vamos lá

Primeiro Espectro - Sereia ou Fada

Ainda não tenho muito a dizer sobre essa, já que eu não conheço muito sobre essas fadas na mitologia japonesa. Cheguei a ler algumas histórias, mas nada de muito concreto tenho a dizer ainda. Eu só acho cômico que por causa de um trato mal feito alguém possa tragicamente virar um peixe e ser obrigado a ser gado dessa sereia horrorosa. Se a sereia na mitologia é um ser que ilude (vi uma história japonesa sobre isso), vamos dizer que afundar nesse oceano insondável pode tornar perigosa uma paixão de adolescente que por sua natureza inconsequente pode levar um comprometimento excessivo da alma com esses sentimentozinhos de união, de busca por carinho, atenção... Nesse sentido, muita gente já vendeu a alma para essa sereia feia e ingrata.

Mas a Yashiro se salva consumando essa união com o fantasminha Hanako. Só que, por causa disso, é obrigada a se tornar sua assistente em limpar os banheiros.

Agora eu só quero colocar umas questões aqui que vem ocupando minha mente sobre o mangá. 

1. Por quê o Hanako é o responsável por supervisionar os mistérios da escola?

2. Por quê ele se veste de uniforme militar?

2. Como e quando que ele teve essa conversa com Deus citada no episódio 3?

4. Por quê ele se tornou um fantasma? Ele busca alguma redenção no trabalho (como ele mesmo indicou nesse mesmo trecho sobre a conversa com Deus)?


Uma coisa que me chama atenção no mangá é a recorrência desse tema que é o esforço tremendo de querer familiarizar todos com as suas piores partes e com as piores partes dos outros também. Mokke. "Você seria amigo de um assassino, Yashiro?" Logo no primeiro Mistério, o dos Mokke, quando são derrotados logo se tornam criaturas dóceis (doce?) e ficam de companheiros para eles na escola. Daí depois vem o Minamoto exorcista que acaba ficando perto do Hanako. E acredito que com os mistérios vá acontecendo o mesmo (conforme eu for lendo, falo mais disso)

Pelo que eu li, a lenda urbana de Hanako-San é sobre uma garotinha (alguns dizem que se suicidou no banheiro) que vive no banheiro da escola e atende desejos das pessoas em troca de um pacto que geralmente envolve a alma dos desejosos. Esse é um outro tema que vou vir a falar mais: o Desejo. Os Mokkes são personificações disso. O desejo de "Quero comer isso" passa a "Tenho que comer isso" e se torna aquele bicho assustador cheio de olhos (Os Mokkes empilhados) que parece que vai te destruir se você não atender. Mas na verdade, você chega perto e são inofensivos, uns bichinhos parecendo mistura de hamster com coelho. E devem ser mantidos assim. Os Mokkes só gostam de doce, igual crianças (terceira camada), e odeiam doce sabor limão (tá lá na parte Bônus do Cap. 3), o que é absolutamente típico do Desejo, que é fugir do que desagrada e procurar sempre a experiência mais doce.

E essa tema do Desejo volta o tempo todo no mangá. Claramente é uma influência do budismo, que considera como um dos nossos principais inimigos justamente a coisa do Desejo.

É interessante como as coisas acontecem também. O mangá é um shounen, o que significa que é destinado para um público adolescente e jovem. E o alvo principal são as meninas. Na vida de Yashiro vão ter muitas paixõecitas, já logo no primeiro capítulo ela faz um trato pra um garoto gostar dela. E se você já passou dessa fase como eu, sabe que esse amor de adolescente dura tanto quanto sanduíche de maionese no sol quente. 

Yashiro não está interessada em Hanako. "Ele não faz meu tipo". Ele parece interessado nela. Eu acho interessante e me faz lembrar de muitas coisas o banheiro. Não tem lugar melhor pra representar a intimidade que um banheiro feminino (não tem nem o urinol pra você compartilhar uma conversa sobre o tempo lá fora).

O mangá dá outro sentido a lenda urbana quando a gente vê o Hanako - em vez de um fantasma maligno querendo colecionar almas -, um fantasma querendo ajudar as pessoas a buscar o que desejam de uma forma salutar, como quando ele ajuda Yashiro a conquistar o seu amor fazendo almoço para ele, mostrando como é boa em jardinagem, boa em conversar, etc. E, é claro, dando a ela um clássico livro sobre como conquistar corações!

Depois disso - para finalizar minhas primeiras impressões no mangá -, falemos de flores!

Não é coincidência o Hanako, o banheiro, o pacto, e a Yashiro de assistente do fantasma. A Flor Camélia (Camélia Japônica) aparece o tempo todo no mangá. Essa flor aparece do lado do Hanako algumas vezes e também em alguns devaneios amorosos da Yashiro (o que eu reparei até então). Na linguagem das flores - Hanako-toba -, a Camélia tem um significado muito forte. A sua simetria complexa e perfeita guarda a pureza de um amor sincero, construído nos degraus ondulantes de cada coro de pétalas que se alinham até chegar ao seu pistilo. Manter em mente que as Camélias são damas da névoa, e nascem quando está nublado e úmido.













2 comentários:

  1. O uniforme militar do Hanako não é militar. A própria yashiro disse no ep um que era um garoto com uniforme escolar antigo.
    É vdd kķkkk quem é esse Deus? Infelizmente o Deus dos japoneses não tem muita importância. Fica só como um personagem jogado aos ventos.

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    1. Obrigado pela informação. Esse uniforme escolar antigo era bravo, passa a impressão que o Hanako é um oficial encarregado de tomar conta da escola, o que não está longe da verdade.
      Sobre o Deus eu achei curioso alguns simbolismos cristãos no anime. Vi umas ilustrações no mangá, num capítulo que começa em algo como "a heroína Yashiro", em que ela estava segurando uma cruz e com a auréola dos santos em volta da cabeça. Então talvez as autoras tenham alguma simpatia pelo cristianismo, o que também explicaria terem falado de Deus, já que nas crenças budistas isso é muito relativo e nem sei se sequer pode-se dizer que eles acreditam em um único Deus...

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