Rindo da morte

A fortuna sorriu para mim, e ela tinha esse rosto.   Começo da tradução do artigo de Jean Elizabeth Seah https://ignitumtoday.com/...

A hora de ninar dos Simpsons.





 Todo mundo conhece a hora de ninar, tendo ou não uma boa experiência com essa última hora do dia. Alguns podem dormir com gritos da mãe que contradisse o pai bêbado descontrolado. Outros podem ter um conto de fadas para escutar e cair no sono.

Todos têm um bedtime e a Lisa também tem o seu. O da Lisa não é exatamente nenhum desses dois, mas não é lá dos mais agradáveis. Marge lhe conta uma história que mais aterroriza do que acalma, e a menina acaba ficando tão agitada que não dorme mais.

Tem a vez do Bart com o Homer, que o leva para pescar e depois de uma dose de fracasso e outra de impaciência, decide simplesmente eletrocutar o lago para assim pegar os peixes. Eletrocuta-se também quase se causando um infarto. Isso frustra um pouco o garoto, que não parece tomar gosto pela pesca a partir dali. Maggie também não fica para trás quando tem que dirigir o carro para os pais que dormem no volante depois de uma bebedeira imprudente.

Eu contei isso só porque queria dizer que: Os Simpsons não são uma família nem perto de perfeita, mas ainda são uma família!

Foi com os Simpsons e com o Necro que aprendi as maiores, talvez duas únicas lições, sobre família. Necro chama sua mãe de "mama duck". Não era uma mulher tão boa da cabeça, mas ainda assim uma mulher que se importava com o filho e lutava para sustentá-lo. Veja, pintei um quadro igual daquela prostituta japonesa! Isso pode ser chamado de olhar o lado bom de uma pessoa. Me lembro de S. João Maria Vianney falando do seu sacerdote auxiliar, o Senhor Pierre, que só o caluniava e o tempo todo tentando tomar o seu lugar. Também não o ajudava quando precisava tirar uma folga. Mas S. João, na sua sabedoria santa que sonda longe mesmo sem enxergar, via bondade naquele homem. Dizia que ele era muito prestativo. De fato, o sacerdote Pierre rezava as missas sem faltar.

Que tal pensar assim: o que você prefere, uma história que lhe cause terror ou história nenhuma; pai que lhe cause ódio ou pai nenhum?; Se você preferiu o nada, está na hora de acordar o D. Quijote de la Mancha dentro de você! Você é chamado para a aventura! Seja uma aventura pelos mares calmos da costa africana ou pelo mar agitado do Caribe! Ambas têm sua recompensa. Imagine só as coisas grandiosas que foram feitas motivadas pelo ódio. Ódio pode ser convertido em violência. Violência é usada para abrir o caminho estreito que leva a Deus!

Os Simpsons também são referências. Às vezes, referências do que não se deve fazer. Então é só fazer o contrário. A liberdade que dão aos seus filhos entra em contraste com a liberdade que seu vizinho, Flanders, concede aos seus meninos, que são inocentes demais, isolados dos pecados do mundo. Meninos que são despreparados para as maldades, que não conheceram o bem e o mal. E sem o conhecimento do mal, como pode-se fazer o bem? Qual é o mérito de escutar música sacra se o que se tem é só música sacra? Qual mérito de rezar quando todo mundo reza e rezar fosse prazeroso? Qual o mérito de fazer a coisa certa quando todo mundo está fazendo e fazendo-a só terás benefícios? Não tirem os méritos dos mártires que deram sua vida pela opinião contrária ao establishment, porém opinião certa!

O ex-presidente norte-americano, George W. Bush, disse no seu discurso de posse que ele faria a família americana mais anos 70[1] e menos Simpsons. Mas os Simpsons são a maldita família!  A vida é uma merda e está tudo feio mesmo. Apesar de tudo, a família continua ali, crianças ainda conhecem, mesmo que partes diferentes, do que é uma mãe, o feminino; a burrice e ignorância do pai, denúncia de uma mentalidade indolente. Não obstante, ainda um homem! Um homem quebrado, sim, como qualquer outro homem!

Não está tudo perdido. Aliás, essa geração de Barts e Lisas tem a chance de aprender com todas essas condutas ridículas da geração passada e serem a geração mais braba de todas. Isso tudo, ainda tendo comida, segurança, conforto e acesso a mais informação que qualquer um imaginaria há alguns anos. Acho que no fim das contas “Os Simpsons” será o argumento mais forte a favor da família que vamos ver no século...


[1] Aquelas famílias “good night Darling” “good night daddy, I love you”

O Serviço de Entregas da Kiki



Esse filme me fez pensar naquela coisa de juntar o seu talento com a sua profissão. A Kiki sonha em ir para uma cidade nova e completar o treinamento de bruxa. Muda de cidade, mas quando chega lá não consegue exatamente colocar em prática a habilidade que tem – que é voar com a vassoura – e nem desenvolver outras habilidades ligadas à feitiçaria. É muito frustrante pra ela.

Engraçado ela ter uma habilidade única como voar e não ter um emprego em cada esquina. Acho que o mundo hoje em dia é muito assim para quem é artista. A pessoa tem um talento artístico, mas não acha ninguém interessado nesse talento, porque ele não se encaixa no mercado atual. Lembrou-me de uma série animada que estou assistindo: “Rick e Morty”.

Hoje mais do que nunca o que dá dinheiro é usar a inteligência e para a maioria dos trabalhos bons o que pesa é a inteligência. Nesse desenho Rick e Morty dá para ver, no entanto, que a inteligência valorizada no mercado hoje é somente a inteligência aplicada (o tipo de inteligência voltada em matemática, engenharia, arquitetura, química – esse tipo de coisa mais técnica.) Enquanto isso, a inteligência que chamamos de “geral” ( que é consciência moral, percepção do transcendente, capacidade de julgamento imparcial, empatia, criatividade) é ignorada pelas pessoas e muito menos é estimulada pela escola. Isso é engraçado, eu estava observando isso até estudando um pouco da bolsa de valores. Hoje em dia ninguém quer especular mais.

No começo do século XX até o início do XXI o que mais dava dinheiro era especular. Especular é investir em empresas pequenas, projetos sem muito sentido, em artistas, gênios criativos. A família mais rica do mundo hoje, os Rockfeller, começaram assim, especulando. Chegava um americano comum e falava assim pra ele: “Olha, eu tenho uma escavadeira, tenho tempo e quero ficar o dia inteiro cavando para achar petróleo. Se você investir em mim pode ficar com parte do que eu tirar”. Ele investiu em milhares de pessoas desse jeito. Passou um tempo e se tornou o maior vendedor de petróleo do mundo. A mesma coisa com os caras que investiram na Microsoft e na Apple. Hoje muita gente se arrepende de não ter investido nessas empresas no começo.

Acho que no final, pode ser uma merda trabalhar com aquilo que você ama. A carga estressante de serviço que você tem pode fazer com que enjoe daquilo que amava fazer e até vá perdendo as habilidades. Lá fora eles chamam isso de Burn-out ou Creative Exhaustion. Já vi desenvolvedores de jogos falando disso. O cara estuda a vida toda para um dia poder fazer o design de uma obra de vídeo game e chega lá e só encontra trabalho desenhando boneco do Fortnite. Já vi também um vídeo sobre uma animadora japonesa que tem que fazer milhares de desenhos por dia por dez dólares. A casinha da menina nem mesa tinha e cama ficava no chão.

Eu gostei desse ponto do filme. A Úrsula é uma contra-parte da Kiki. Ela resolveu focar só nas pinturas dela e trabalhar de outra coisa sem relação, ganhando pouco, mas tendo ainda tempo para a paixão dela. Isso eu achei importante, não forçar muito e aceitar a realidade. Talvez você não vá ter a oportunidade de “mostrar o seu talento para o mundo” e poder trabalhar com aquilo que ama; e talvez isso seja até bom, para não te desgastar daquilo que você gosta e você poder fazer sem a preocupação com datas de entrega, tempo. Saber sacrificar isso é importante e, afinal, sempre ainda vai sobrar tempo para fazer aquilo que gosta. Eu mesmo, trabalhando e tendo que estudar para a faculdade ainda encontro tempo para estudar as coisas que eu realmente gosto. Isso é bom também que eu não me enfastio com as coisas que eu gosto e sempre estou com sede de fazer mais.