Rindo da morte

A fortuna sorriu para mim, e ela tinha esse rosto.   Começo da tradução do artigo de Jean Elizabeth Seah https://ignitumtoday.com/...

Análise e reflexões sobre os filmes Casino e Goodfellas, de Martin Scorsese

Eu quero aqui trazer algumas reflexões minhas sobre esses dois filmaços do Scorsese: Goodfellas e Casino

Na minha opinião esses são clássicos atemporais e esses dois filmes têm aspectos em comum um com o outro e que, para mim, mostram também um pouco do próprio caráter do diretor, Martin Scorsese.

Goodfellas é um filme sobre um gângster. Baseado em uma história real, o filme retrata a realidade de membros da máfia durante os anos 60 nos Estados Unidos da América. Eu acho muito bom esses tropos de três companheiros, como no filme Cidade de Deus com o “trio ternura”. Eles são Tommy, Henry e Jimmy.

Todos ali são baseados em pessoas reais e os eventos que se desdobram também.

A minha reflexão vai se basear muito nesses personagens.

O Henry desde pequeno nunca viu outro caminho que não fosse a máfia. Antes de sua adolescência terminar ele já sabia muito bem o que que queria com sua vida; e ele não entra nessa vida com medo, receio ou com qualquer escrúpulo, a máfia vem para ele tão naturalmente como a puberdade. Ele sobe na hierarquia conforme vai ganhando a confiança dos mais velhos e a sua responsabilidade e poder, obviamente, crescem juntos. Ele vive uma vida relativamente sossegada e consegue manter seus esquemas e seus roubos sem ser incomodado pela polícia, que é facilmente apaziguada através de suborno.

Depois de muita insistência da parte de seu amigo Tommy, o Henry acaba concordando sair em um encontro duplo com Tommy só para não desagradar o amigo, porém na segunda vez o Henry resolve que tinha algo melhor para fazer e não aparece no jantar e o “date” dele, que é a Karen, fica lá sozinha segurando vela pro Tommy e a outra judia que estava com ele. A Karen fica furiosa e vai até o restaurante italiano onde ficavam os mafiosos e ela confronta o Henry diante ali de vários mafiosos, e nesse momento ele enxerga nela uma mulher selvagem, com paixão, com fogo, e isso o atrai.

Com segurança eu posso dizer esses personagens do Scorsese são bem movidos pelo que Nietzsche chamaria “vontade de potência”. Eu não me atreveria dizer isso se o Platinho já não tivesse feito essa análise com o Lobo de Wallstreet. Na realidade deles, observa-se que depois de um tempo o que começa a valer mesmo não é o dinheiro, e sim o poder. O poder de se livrar da polícia; o poder que comanda respeito dos outros; o poder de influência. Quando Henry vê Karen, ele vê uma pessoa com poder, e não apenas isso, ele vê também um desafio. Nietzsche que diz que o homem gosta de um jogo, e não existe jogo mais perigoso que a mulher. Portanto, para Henry aquele seria mais um jogo.

Pode aí observar como as apostas e os jogos são onipresentes na vida dessas pessoas. O momento que eles se sentam ali para jogar pôker, esse é o momento em que eles transformam a própria realidade em síntese, pois os jogos de azar resumem bem simbolicamente a vida deles; um símbolo do que eles perseguem diariamente, como se ali aquela mesa de pôker fosse o altar onde a hóstia seria consagrada na missa

A busca que eles têm por mais e mais daquilo vai além de ininterrupta, ela é uma busca religiosa.

Voltando aqui ao Henry, pode observar como as mulheres com quem ele se envolve são desafios que escalaram de nível. As goomas, que são as amantes, já são um elemento comum na vida dele, porém ele resolve dificultar as coisas quando ele experimenta brincar de casinha com uma das amantes, dá um apartamento maneiro para ela, e sem receios começa a passar mais tempo com a amante do que com a esposa. Depois, ele se atrai por uma das amigas da amante, a que mais tinha aparência de cheiradora ali. E daí ele termina com a amante anterior e resolve ficar com a viciada em drogas.

O filme tem essa redpill sobre a natureza feminina. No caso da Karen, quando o Henry pede para ela esconder a arma que estava coberta de sangue, ela admite que “that turned me on”. A Karen é mais uma que será regida pela vontade de potência, sem lastro moral. Pois a liberdade dela vem através da entrega à sua natureza feminina profana, que a faz escolher não o bom esposo judeu e certinho, e sim o badboy gângster italiano. Se formos aplicar a vontade de potência do Nietzsche, Karen e Henry poderiam ser considerados, nesse sentido, aparentemente mais livres que a maioria das pessoas, pois deixam o seu lado animal à solta.

O Henry poderia continuar tendo uma vida extremamente sossegada. Porém, mesmo sendo proibido por Paulie, ele resolve vender uma droga que ele não deveria vender.

Tem algum filósofo que diz que o homem é uma máquina de desejos insaciável. O Henry não consegue deter, aliás, nem tenta, deter seus desejos, e ele segue em frente obliterando tudo, até a si mesmo.

Jimmy e Tommy vão na mesma direção, deixando um rastro talvez até mais destrutivo.

O Tommy simplesmente mata todo mundo que vê pela frente, e já nem tenta controlar seu humor.

Jimmy chega a conclusão que em vez de pagar as pessoas o dinheiro que ele deve ele pode simplesmente matá-las e ficar com o dinheiro kkk.

Uma coisa que os filmes do Scorsese definitivamente não fazem é atribuir julgamentos morais em cima dos personagens, talvez por isso essa cena no júri em que o Henry quebra a quarta parede e meio que chama a nós, a audiência, para julgar o caso dele. Uma coisa que particularmente esse filme Goodfellas vai fazer, é você ponderar se houve alguma redenção para o Henry, pois no final da vida ele parece na verdade bastante insatisfeito com a segunda chance que ele teve. E essa para mim é uma das mensagens mais fortes de goodfellas, que é aquela coisa de que, sim, você pode acreditar que foi perdoado por ter levado a vida que levou, mas a vida que você levou não te perdoa tão facilmente. As marcas, as cicatrizes da vida no glamour da máfia se veem claras, não só no rosto cheirado de coca do Henry, mas na infelicidade dele com uma vida normal.


Agora para refletir um pouco sobre o filme Casino, eu queria comentar que o filme inicia com a música da “Paixão segundo São Mateus” de Johann Sebastian Bach e que essa história, a história que a música está contando, que é a paixão de Cristo, serve como um cenário de segundo plano dos eventos que vão desenrolar no filme. Isso na minha visão, é claro, eu não estou pegando essa opinião de nenhum crítico.

Pois bem, dizer que os filmes do Scorsese constantemente fazem uso do Sagrado e do Profano não seria nada de novo. E mesmo assim eu quero apontar para a presença de alguns elementos religiosos e profanos que ajudarão a trazer um modo diferente de ver o filme. Quando o Ace “Rothstein” chega em Las Vegas, uma coisa que ele comenta é que Las Vegas faz para ele o que Lourdes faz para deficientes e cadeirantes. Aqui ele se refere aos milagres de Nossa Senhora de Lourdes, na França. Só que observem o seguinte: enquanto Lourdes cura as enfermidades FÍSICAS das pessoas, Las Vegas cura as enfermidades ESPIRITUAIS do Ace Rothstein. Ali ele deixa para trás o passado, as dívidas, as preocupações, as pessoas que ele passou a perna. Las Vegas cura isso. Para Ace, Las Vegas é o ápice de sua carreira, mas a cidade deve ser respeitada e há bastante trabalho para ser feito. Já o seu amigo Nicky vê Las Vegas com outros olhos; ele a vê como intocada, esperando alguém para vir e dominá-la.

Nicky é o defensor de Ace Rothstein, é ele quem age nas ruas para preservar o mundo etéreo do Casino Nicky é o pontífice – mas é também o arquétipo perfeito do gângster: se ele quer algo, ele toma; se ele não gosta de algo, ele destrói, e isso passa cada vez mais a ser o mantra da sua vida. Quando ele vê que Ace Rothstein está abandonando essa forma de agir ele pergunta ao Ace “don’t you have balls?” “Você não tem culhões?”. Ali nessa cena, Ace Rothstein é o homem que, como Nietzsche diria, estaria abraçando a moralidade dos fracos, se escondendo do perigo e enquanto isso dedicando-se a ajudar a sua pecadora,– que é a ginger.  E Nicky é a besta, é o animal inconsequente que vive sob as próprias regras. Assim como em Mean Streets, também do Scorsese, eu acho que seria seguro afirmar que Ace também sofre do savior complex, o complexo de salvador. No entanto, sem precisar examinar muito à fundo, notam-se em alguns personagens do Scorsese qualidades bastante centradas na figura de Jesus Cristo, como no caso do Henry em Goodfellas que sempre age como intercessor, tentando evitar violência desnecessária; do trio de gângsters ele é o mais sensato e também o único que consegue ter compaixão. Ace Rothstein, porém, não tem a disposição de absolver nem mesmo o filho do Senador, aquele rapaz meio lerdo que trabalhava do Casino, e indo contra seus próprios interesses, ele expulsa o rapaz do seu reino, e não cede nem mesmo diante das súplicas humildes do comissário.

No Casino, para mim, um dos momentos fatais é quando Ace Rothstein resolve confirmar a confiança de Ginger três vezes, sendo que ele deveria na verdade ter feito isso com seu amigo, Nicky, com o qual ele estava perdendo o contato. E ele também confia a ela a CHAVE para as suas jóias preciosas que ficam no guardadas no banco. Inclusive um momento no filme, um dos poucos, que comove é uma cena do Nicky na escada arrependido de ter se envolvido com a Ginger, e o arrependimento dele ali para mim parece ser excepcionalmente sincero.

 

Observa-se tanto em Goodfellas como em Casino um movimento de ascensão e queda dos protagonistas, em ambos por sua própria culpa, sendo que aquilo que justamente serviu como o impulso inicial para elevá-los, é também o motivo de sua queda. Só que em Casino, com o Ace Rothstein, eu não diria que seria uma queda e sim uma elevação. 

Voltando ao tema da música que abre o filme, nós podemos observar que conforme se aproxima o final, acontece uma crucificação do Ace Rothstein na mídia americana, ele passa de ser um homem louvado pela sociedade a um pária total, que vai ser rejeitado pelos amigos, por Nicky, ele também é rejeitado pelos chefes (que se assentam nessa espécie de paraíso, afastado dos problemas mais mundanos do Casino), e pela esposa, a pecadora que ele tentou e não conseguiu redimir. Porém, no final de tudo, ele retorna ao ponto onde começou, com as apostas – e ali está a redenção dele, nos jogos de azar. Ele não é Adão que foi expulso do paraíso, mas sim alguém que morreu e ressuscitou.

 Da mesma forma que um outro personagem do Scorsese, o Jake Lamotta, um homem-animal, encontra sua redenção no ringue de boxe, é nas apostas que Ace Rothstein encontra seu recomeço.


Por que Jacaré do CV?

Faz muito tempo que não escrevo aqui. A única desculpa é que eu estava ficando mais inteligente (mais forte, mais bonito) para trazer um conteúdo melhor para nosso ☭ Blog. 

Eu tinha a intenção de abandonar o blog para postar minhas coisas no instagram, pois este tem MUITO mais alcance. E talvez seja esse o problema. Meus posts logo se tornassem um pouco conhecidos seriam reportados ou então banidos pelo próprio algoritmo. E mesmo que os posts permaneçam, leitores maliciosos podem usar algo que eu disse ali para prejudicar minha vida pessoal. Vou me arriscar a isso por 10 curtidas? Não. Vou escrever aqui. Sim, logo vou começar a fazer propaganda do blog.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Um dos mitos fundadores do que significaria SER brasileiro é uma história real, realíssima. O encontro da imagem de Nossa Senhora durante uma pesca no Rio Paraíba do Sul para mim é um dos pontos fundamentais da história do povo brasileiro, o que o une. Aquela imagem, que logo se provara milagrosa, adentraria com força no imaginário coletivo brasileiro - não é à toa que tivemos que construir a MAIOR catedral do mundo para comportar o número de fiéis.

É muito óbvio que a imagem se tornou tão popular por um propósito, que para mim é a mensagem que Deus fez por ela ser carregada, uma mensagem simples: não há barro tão podre que não possa ser consertado por Deus. Pois é isso, uma imagem de barro, caindo aos pedaços e que foi constituída. E pensar que para nos mostrar isso Deus nos envia a própria mãe??? A mulher mais repleta de beleza e glória de todas???

Acho que em parte nós, povo brasileiro, somos esse barro mutilado, e o que vai nos unir é a busca pelo nosso conserto, a busca pela verdade, que é uma busca divina - esse será o assunto de nossas conversas, de nossos colóquios, de nossas discussões.

Porém você só pode ser remendado se primeiro você se reconhecer como barro...

Sim, viemos de uma cultura civilizacional que foi a sucessora de Roma, e eu me orgulho disso. Porém a influência mais marcante, mais epidérmica, é da cidade onde você cresceu e você não consegue fugir disso. Não, amigo, seu sobrenome não te faz italiano. Seu antepassado, um pinguço do mezzogiorno, cuspiria se ele te ouvisse falando que é italiano.

O Jacaré do CV é a única arte que eu consigo olhar e ver como 100% carioca, sem influência estrangeira, um reflexo puro de uma alma revoltada, criado por alguém que, com todas suas limitações, tentou capturar o sentimento daquele grupo. Nós temos algo assim autêntico no Rio de Janeiro? Talvez a burguesia e seus imitadores pobres tenham músicas acústicas e numa ignorância abençoada sejam capazes de celebrar a vida e sua mágica (sabemos que sem álcool, maconha, sexo ou bens de consumo não conseguem) e coisas que me fazem igual aquele vídeo do carioca revoltado (https://www.youtube.com/watch?v=hkR2LM612vU) "uma falácia criada por aquela bicha enrustida do Tom Jobim... que cantava...Ipanema é tão legal, meu pai é general". Será que sou só eu que vejo que a cultura popular que querem colocar como brasileira, carioca é uma que vem de cima para baixo?

Quando Deus criou o homem, Ele o fez a partir do barro. Alguns querem se consolar achando que foi das estrelas...

Biomímica - Imitar a natureza!!!

 Numa lenda indígena, Moema e Juçara eram melhores amigas. Se Juçara fosse nadar, Moema ia junto. Se Moema fosse rezar, Juçara ia com ela. E as duas eram assim com tudo. Numa festa da aldeia, as duas se apaixonaram pelo novo chefe, Peri, mas não diziam uma à outra o nome do rapaz. 

Até que numa tarde trocaram confidências e descobriram que as duas estavam apaixonadas pelo mesmo moço. Depois da surpresa, decidiram largar o ciúme e deixar que ele mesmo escolhesse entre as duas.

Notando as meninas, o pessoal da aldeia começou a desconfiar do que se passava; o xamã conversou com elas e depois procurou o chefe. Quando perguntou a Peri de qual das duas gostava, ele ficou surpreso.

- Acho que gosto das duas...

- E o que pretende fazer? - perguntou o Xamã.

- Vamos decidir isso na floresta. Minha escolhida será aquela que acertar em pleno voo um pássaro que eu apontar.

No dia seguinte, quando apareceu uma ave branca, Peri fez sinal para as moças lançarem a flecha, que saíram ao mesmo tempo de cada arco. O pássaro caiu, com uma flecha enterrada no peito.

As setas haviam sido marcadas, para ajudar na identificação. Quando a flecha foi retirada, surgiu a vencedora. Juçara e Peri se casaram, e Moema se sentiu desamparada: não tinha mais nem a amiga, nem o seu amor. Muito infeliz, afastou-se da aldeia para chorar. Tupã ficou com pena e procurou ajudá-la.

"Sinto saudade da minha amiga e do chefe, mas não quero que vejam minha tristeza. Se me transformasse num pássaro, eu poderia ver os dois sem que eles soubessem quem eu sou."

Tupã transformou-a num pássaro comum, que não chamava a atenção. Mas quando ela presenciou a felicidade do casal, ficou muito enciumada e decidiu se afastar da aldeia; voou para o norte e escolheu a floresta amazônica como morada. Para alegrá-la, Tupã deu-lhe um canto maravilhoso: "A partir de agora, você sera o uirapuru; a beleza do seu canto vai espantar a sua tristeza."

Quando Moema fica triste, começa a cantar e se sente revigorada. Homens e mulheres procuram ouvir o uirapuru, pois sabem que ele dá sorte. Seu canto é tão poderoso que a passarinhada da floresta se cala para ouvi-lo.

-------------------------------------------------------------------

Biomímica é a prática de observar atentamente à natureza e copiá-la. No início, eu queria traçar uma relação entre o canto do Uirapuru e a música de Mozart, como se o compositor tivesse copiado o pássaro. Mas a verdade é que os dois pegam inspiração do mesmo lugar. Na raiz tupi, uirapuru quer dizer "o pássaro que não é pássaro". E de fato, seu canto chega a uns píncaros que eu nunca escutei em pássaro algum. Tão melancólico, tão sublime. Talvez por isso que tenha me lembrado de Mozart.

Acontece que Biomímica não é nada disso. No caso do uirapuru (e do Mozart também), o pássaro copia algo que não está natureza, funcionando, na minha visão, como uma espécie de mensageiro de uma voz transcendente. Não há nada igual ao canto do uirapuru. E isso só prova como a natureza é perfeita.

Por motivos como esse que o ser humano deve praticar a biomímica, pois copiar da natureza é copiar da perfeição da obra de Deus. Posso citar inúmeros exemplos de pessoas que fizeram isso.

Um caso famoso é o trem-bala japonês, Shinkansen. Em 1989, o Japão contava com os melhores trem-bala em termos de inovação. O único problema: eles eram barulhentos demais.

Para resolver isso, chamaram o engenheiro e admirador da natureza Eiji Nakatsu. Nakatsu baseou o design do trem inteiramente em três animais: A coruja, cujas penas "dentadas" serviram de modelo para o equipamento que conecta o trem aos trilhos;  o pinguim-de-adélia e sua barriga lisinha inspiraram o eixo de suporte do trem (a parte de baixo, a "barriga" do trem mesmo); e, o mais impressionante, o Martim-Pescador, que é um pássaro que mergulha na água para pegar suas presas, isso sem fazer qualquer 'splash', graças ao formato único do seu bico. E assim foi criado o trem mais silencioso e veloz que o Japão teve até hoje.

Studying Owl Wings – Monkeysee Videos

Nature Picture Library Adelie Penguin (Pygoscelis adeliae) belly sliding on  ice Antarctic Sound , Antarctica - Andy Rouse

martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona) | WikiAves - A Enciclopédia  das Aves do Brasil



O que me encanta na natureza é sua simplicidade, na forma e no conteúdo. A lua é um círculo; o sol também. Meus favoritos de desenhar quando criança. As árvores também são extremamente simples e objetivas. Eis o meu fruto: comei e espalhai. As ostras com suas pérolas, que são formadas, imagine só, de substâncias sujas indesejadas que penetram na ostra!

A natureza é um louvor a Deus, e ela me ensina que as melhores coisas são as mais simples. Quando se fala de biomímica, vejo as pessoas focando somente na parte mais material, como em inovações da engenharia, da ciência, da química, etc. Eu aqui resolvi falar do outro lado.

Como não citar as músicas de Heitor Villa-Lobos, profundamente inspiradas na mata amazônica e até mesmo uma dedicada especialmente ao nosso "Uirapuru". Eu gosto também de como a natureza ensina aquela coisa que os americanos chamam de "seize the moment", o "carpe diem", "aproveitem o dia". Eu gosto mais da palavra "seize", pois ela tem a ver com prender, agarrar. Nesse sentido, agarrar o momento e não deixar que ele passe, é fazer o melhor com ele. E o que sai quando nós aprendemos a fazer isso é magnífico. Eu mesmo agora estou aproveitando a inspiração que recebi para escrever esse texto. Não penso em escrever outra coisa; não quero; nesse momento, não pretendo cumprir outra coisa que não seja terminar esse texto bem. E assim nasce a Moonlight Sonata de Beethoven; a Eine kleine Nachtmusik de Mozart; a "Valsa do Minuto" de Chopin que imita a correria do seu cachorrinho; a melodia da Ave-maria foi pega de uma peça que essa dama se encontra a lamentar dramas mesquinhos à beira de uma lagoa. Na natureza é assim, tudo começa com uma sementinha tosca.

Lembro de uma entrevista do rapper Immortal Technique que ele conta sobre seu trabalho com crianças de bairros perigosos. Ele diz que quando chega lá as crianças só querem rimar sobre traficar drogas, atirar nas pessoas, pegar prostitutas, ostentar carros, etc. Ele não chega dizendo que isso é feio. O que ele faz é mostrar às crianças como elas podem rimar melhor sobre esses assuntos. Se querem rimar sobre prostitutas, ele tenta mostrar pra elas que aquela mulher é um ser humano. Como é a vida dela? O que fez com que ela chegasse nisso? O que lhe acontece quando ela chega em casa? Rimem sobre isso! E assim, de um tema que só teria alusões à putaria, aquilo é transformado em humanização.



------------------------------------------------------------------------------------------------------

https://www.amazon.com/Antologia-folclore-brasileiro-Cascudo-Portuguese-ebook/dp/B015NB9L8M

https://www.vox.com/videos/2017/11/9/16628106/biomimicry-design-nature













 











Soberba burra: a semente do pensamento revolucionário.

Se têm algo que está constantemente nas minhas buscas, digamos, pretensiosamente filosóficas é entender a mente de sujeitos como a do governador de São Paulo, Dória. Ele e seus afins. E por seus afins eu digo pessoas que seguem essa linha de raciocínio que não sei ainda que nome dar. Essas pessoas são juízes, políticos, opinadores, pessoas que apoiam a ação do Estado. Racionalista, positivista, comunista, socialista, autoritária, totalitária?? Não sei, não importa, mas pra mim isso tudo é bem claro. Vou explicar melhor.

Eu busco incansavelmente entender as motivações por trás das ações das pessoas. E com o Sr. Dória essa motivação é particularmente mais forte, me ocupa muito o pensamento aliás, pois é para mim um mistério grande, quase que como ele e seus afins fossem alienígenas. Quais são suas motivações? Quais as justificativas?? É maldade? É ganância? É dinheiro? É burrice? Ou então tudo isso e mais um pouco?

Uma história do universo da Liga da Justiça me jogou uma luz sobre essa questão.

Hora da História 

---------------------------------------------------------------------

Nessa história, um grupo de "heróis" chega à terra dizendo que precisam de ajuda para resolver uns problemas na sua própria terra, a Terra-3. A Liga da Justiça vai ajudá-los, mas quando entram no portal são na verdade transportados para uma espécie de prisão e de lá não conseguem sair. Os novos "heróis", que na verdade são basicamente opostos dos heróis verdadeiros da Liga da Justiça - Homem coruja = Batman, Ultra-man = Superman, Super-mulher = Mulher-Maravilha, Johnny Quick = Flash - são na verdade um grupo chamada Sindicato do Crime. Na terra, eles dizem para todos que a Liga da Justiça foi resolver um problema numa galáxia distante e que já voltam, sendo eles, que se proclamaram o Sindicato da Justiça, os heróis agora responsáveis por cuidar da terra, na ausência da Liga da Justiça. Eles na verdade estão aqui na terra em busca de um artefato, do qual não vou tratar aqui.

A questão interessante para mim é que eles não sabem ser maus de verdade. Na verdade, suas motivações não tem nada a ver com justiça ou injustiça, ordem ou caos. Simplesmente querem esse artefato. Acontece que eles, tomando o lugar da Liga da Justiça, passam a ser o centro de diretrizes do mundo, os detentores do poder, os protetores do povo. Só um dado interessante: O Batman sempre se opôs à intervenção da Liga da Justiça em assuntos do mundo, principalmente com relação à política. Ele sempre buscou diminuir o poder da Liga, mantê-la na sua única e simples função, de combater super-vilões. O Sindicato da Justiça não se limita a isso. A primeira ação é tomar conta da mídia. O novo repórter, Clark Kentson (Ultra-man) toma isso pra si.

E assim vai indo. O que acontece é que os vilões notam que essa nova Liga da Justiça levaria toda a ordem existente à destruição e que provavelmente no futuro que eles planejavam não haveria espaço ou liberdade nem para a pequena infração de mijar escondido na rua. Essas pessoas do Sindicato da Justiça não eram vilões. O poder ,e a ameaça que vêm com ele, agora eram diferentes, e tornariam até mesmo a vilania impossível, deixando no lugar disso tudo um gigante vazio, num futuro totalitário controlado pelo nosso Ultra-man.

O vazio é pior que levar uma surra. Pior do que sofrer bullying na escola é ser ignorado por todos. Pior do que fazer uma merda e levar umas chineladas por ela, é ter seus pais dizendo que a culpa da merda foi deles e não sua. Só receber elogios vazios e jamais uma crítica. Isso que é realmente problemático: está além da ordem ou do caos, é outro plano, é o limbo. O Sr. Freeze reclama do Sindicato da Justiça: "eles interromperam meu monólogo do mal!"; o Charada: "Eles ignoraram a minha charada!"; O Coringa "Johnny Quick destruiu o banco que eu ia assaltar". Até o Lex Luthor se revolta com eles, ele que tem os mesmos planos de controlar a terra. O Sindicato da Justiça ignora os vilões, não os enfrenta e causam mais destruição, sem querer, que eles causariam com as piores das intenções.

Mas o Sindicato da Justiça vai muito além de simplesmente querer governar o povo como um monarca ou um ditador. Para governar a terra, eles vão castrar a capacidade intelectual dos cidadãos por meio da Netflix; tirar sua força oferecendo sex libre à todos. Num determinado momento, acontecem algumas complicações do Portal de viagem espacial do Sindicato da Justiça e eles transportam UM MOTHERFUCKING PLANETA que fica tapando o sol para a terra. Ultra-man vai à TV, alternando as personalidades entre Clark Kentson e Ultra-man, para dizer "Está tudo bem, ó cidadãos. Estamos avaliando esse pequeno objeto em frente à terra, mas já avaliamos que não apresenta nenhum risco. Sigam com suas vidas normalmente." 

Alguma coincidência?


*******

Agora, o assunto do qual eu queria realmente tratar. Qual é a motivação para que o Ultra-man seja assim?

Dando uma olhada na história de sua origem, achamos lá as sementinhas. Na sua Terra-3, Ultra-man teve uma origem bem parecida com a do Super-man, só que diferente. Ele também veio de um planeta alienígena e foi criado por uma família do campo. Ultra-man, assim como Super-man, não conseguia se enturmar, porque era muito esquisito. Suas habilidades o distanciavam das pessoas normais. Porém, enquanto Super-man perdeu seus pais e depois conhecera Lois Lane, Ultra-man não perdeus seus pais e jamais conheceu qualquer Lois Lane. Lois Lane ajudou Super-man a entender melhor seus poderes. Ela lhe disse como ele não deveria se sentir superior a ninguém, mas servir de modelo para as pessoas, servindo-as sem esperar nada em troca, para isso ele veio para terra. Do outro lado, os pais de Ultra-man o mimavam. Diziam-lhe que ele era muito especial sim e que as pessoas não o entendiam. Que elas deveriam aprender a ser como ele; para isso, era preciso lhes ensinar obediência. Super-man não obrigava ninguém a seguir seu modelo: se alguém for mudar, é preciso que seja por livre e espontânea vontade. Os pais de Ultra-man pensavam o oposto e assim o ensinaram. O menino cresceu acreditando ser a suprassuma autoridade moral.

 Alguma coincidência? 

E aí está a semente de qualquer pensamento revolucionário, tirano, que favorece a maior ação do Estado em nossas vidas. Na essência, o que diz é: "As pessoas não são capazes de reger suas próprias vidas em comunidade, por isso o Estado deve intervir e garantir a ordem". A educação tem que ser dada pelo Estado, a saúde, a segurança, as vacinas; o casamento deve ser regulado pelo estado, a lei; devemos ter constituições, estatutos, juízes; o estado deve proteger os órfãos, o pobre, o desajustado, o doente... e por aí vai. As pessoas devem ser governadas pela obediência, pois afinal não são capazes de tomar as melhores decisões por si mesmas - esse é o papel de seres superiores, como os presentes no Supremo Tribunal Federal. Esse é o exato oposto do que eu penso. Mas aí eu boto a questão: as pessoas fazem essas coisas por maldade? Digo com certeza que não. Talvez Dória tenha ganância, queira dinheiro e nem ligue para esse tipo de coisa; o mesmo com juízes e desembargadores. Mas a base do pensamento universitário e do próprio povo segue essa lógica. Não é a maldade o verdadeiro perigo. É a burrice que sempre é a verdadeira causadora da destruição no mundo. Com a propaganda certa e falta de testosterona nos homens, as pessoas vão achando que realmente não são capazes de se auto-reger.

Não foi o diabo que destruiu a igreja católica.

Não foi o diabo que inventou a feiura das igrejas atuais e nem dos prédios getulistas.

Foi para modernizar o Brasil que Juscelino Kubitschek destruiu 90% do nosso patrimônio histórico arquitetônico.

Foi pela igualdade que votamos no Lula.

Foram os ideais de liberdade que decapitaram Luís XVI na revolução francesa e criaram nosso congresso.

Foram boas intenções que fundaram a república brasileira.

Foi para a prosperidade de Portugal que os liberais venceram a revolução do Porto.

Foi para instaurar a paz que os EUA bombardearam o oriente médio.

É para não dizer palavras ofensivas que nos ignoram na escola.

É para nos proteger que nossos pais nos mimam.

O SUS foi criado para salvar vidas.

Os radares de trânsito foram criados para salvar vidas e não apressar mais ainda as pessoas que tiveram de perder um tempo inútil parando para sucatas metálicas que medem velocidade.

Médicos que começaram a recomendar que você parasse de comer tanto ovo e em vez da banha de porco usasse óleo de soja, INFELIZMENTE, o fizeram com boas intenções.

Pessoas te contam histórias de como pobres humildes venceram na vida sendo pobres e humildes e vítimas de alguém que não é pobre nem humilde para que você seja um ser humano melhor, mais pobre e mais humilde, e não um pobre humilde que venceu na vida sendo vitimizado por isso.

De boas intenções o inferno está cheio.